Relacionamento pela Internet pode dar certo?

Tentar entender a magia que faz com que as pessoas gostem desse ou daquele indivíduo, o que faz as pessoas se unirem, sempre foi um mistério atraente para artistas e cientistas; para homens e mulheres; para apaixonados e abandonados.
O vínculo afectivo entre duas pessoas nem sempre foi vivido na forma com que o conhecemos actualmente.
A idéia de casamento por amor e do amor romântico é relativamente recente na história humana.Hoje, a idéia da escolha por amor alcança seu auge.
O sonho das "almas gémeas" - ainda que muitos afirmem que já não acreditam mais nisso - ainda permeia a nossa busca pelo parceiro/a.
Isso pode parecer estranho, quando constatamos que a quantidade de separações também parece ser maior que em outras épocas. É inevitável a pergunta: por que será que, no momento em que temos maior liberdade de fazer escolhas guiadas pelos nossos sentimentos, os casamentos parecem durar tão pouco?
Será que existe mesmo esse amor tão procurado?
Ocorre, no entanto, que além da idéia de amor romântico, um outro ideal é colocado para nós nos dias actuais: o individualismo. Além de nos "cobrar" que encontremos, alguém que nos irá satisfazer por completo, a sociedade quase nos compele a sermos ricos, profissionalmente bem colocados, pessoalmente "resolvidos", bonitos, eficazes, entre muitas outras difíceis atribuições para "pobres mortais".
Esses dois ideais - que podem parecer antagónicos (romantismo e individualismo) - presentes quando falamos da escolha amorosa, estão muito próximos, pois tocam-se no seguinte ponto: colocam o outro no papel daquele que existe para nos fazer feliz, como aquele que só nos deve dar satisfação.
O namoro, o casamento, ou qualquer vínculo amoroso mais próximo recebe o difícil papel de ser perfeito: ou porque completa (então não há lugar para a falha), ou porque ninguém precisa dele ("se for para dar trabalho, melhor ficar só").
Devem estar a perguntar: o que todas essas teorias psicológicas e contextualizações históricas têm a ver com a Internet? É inegável o importante papel dos chat's, os email's, bem como todas as formas de comunicação entre as pessoas via Internet, sobre essa busca do parceiro amoroso.
Todos os dias, milhares de pessoas comunicam via Internet na intenção de encontrar alguém que corresponda às expectativas. Alguns desses encontros "dão certo", outros não. Como sempre foi e, talvez, sempre será.
Porém a Internet, possibilita um elemento que parece fundamental nesse primeiro momento da conquista, mas que pode ser uma arma a favor ou contra o seu sucesso: a possibilidade das pessoas se refugiarem na fantasia.
Para corresponder a esse ideal de não frustração, as pessoas também se devem mostrar perfeitas. Nesse ponto, o espaço virtual da net facilita o campo para a expressão das fantasias e idealizações, que podem ser muito sedutores no início de uma relação, mas que trazem o risco de aumentar as frustrações no desenrolar do contacto.
Algumas características do contacto via net (o anonimato, a possibilidade de experimentarmos outras facetas de nossa personalidade, o "descompromisso"), facilitam o "disfarce" das nossas fragilidades e dificuldades, que não são vistas com bons olhos, nos dias de hoje. Tentamos parecer perfeitos e ela também se mostra assim.
Desse modo, a idealização, que está presente no vínculo amoroso, pode impedir que essa relação sobreviva a um contacto presencial. O que fazer, então? Como sempre, não há receitas ou solução!
Porém, proponho, que tentemos nos mostrar por inteiro (seja na net, num bar, num cinema, etc), com as nossas imperfeições e potencialidades. E, ao mesmo tempo, termos em mente que ali na nossa frente, existe uma outra pessoa que, como nós, está também ao mesmo tempo assustada e encantada com a possibilidade de um novo encontro amoroso; ou, quem sabe, daquele encontro que será o definitivo e pleno!

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