Já ouvi dizer muitas vezes que escrevemos melhor quando estamos tristes ou na falta de algo em nós ou ao nosso redor que justifique alguma lágrima. Mas, muitas vezes as lágrimas caiem sem razão aparente, e há quem as cante, quem as poetiza, romanceia e os que apenas as choram....
Na tristeza temos mais tempo para olhar pra nós próprios, para sabermos o que pode estar a acontecer e o que pode estar em falta tanto dentro como fora de nós mesmos. Mas muitas vezes simplesmente fechamos os olhos para o que está de errado e acomodamos-nos, deixamos de fazer mudanças internas, achando que se mudarmos externamente, seja em nós próprios, de cidade, de emprego, de ambiente de casa, tudo pode ser mais fácil de lidar ou até desaparecer.
É triste estar triste... Mas em toda tristeza há um "quê" de simples que torna tudo mais claro, mais vivo. As palavras e melodias brotam como se despejássemos todos os sentimentos nas linhas e entrelinhas ou em cada nota de partitura. Em cada gesto que fazemos mostramos que há algo de belo em 100% do que somos e do que nos rodeia.
Na alegria estamos mais voltados para a fugacidade do momento, queremos retê-la a qualquer custo, que mal temos tempo para pensar muito, afinal sentimos só o misto da felicidade momentânea e do medo dela acabar. Acredito que é esse medo de findar algo, que, por si só já é breve, que impulsiona e inspira, alguns, a descreverem a beleza da felicidade.
"Estou tão feliz que tenho até medo!"
Quantos de nós já não repetimos esta frase? Quantos de nós podem estar a sorrir e nos seus olhos mostrar esta frase aos que o rodeiam? Será este medo o motivo porque a alegria dura tão pouco? Não acredito. Acho que aprendemos a lidar mais fácilmente com a tristeza, acomodamos-nos mais a ela. É mais fácil ficar no buraco que cavamos, esperando que alguém nos tire de lá, do que sair dele pelo esforço próprio
Não faço apologia á tristeza, não é esse o meu objetivo, mas sim mostrar que ainda não aprendemos, de todo, a sermos alegres e felizes. Queremos sempre mais, mas ficamos sem saber como o fazer ou conseguir. Ainda não aprendemos a chorar as nossas mágoas... ainda não aprendemos a silenciar a nossa boca prolixa, para deixar que a outra pessoa fale... ainda não aprendemos ainda a tapar os ouvidos para as críticas e que também não sabemos lidar com elas e, muitas vezes, deixamos-nos afectar.
É preciso, sim de um pouco de tristeza, mas é necessário muito mais a aprendizagem da felicidade, do respeito aos outros e por nós, da força que temos e saber que tudo o que mais precisamos aprender é que alguem precisa do nosso apoio e não de que lhe viremos as costas. Só precisamos ouvir mais atentos e também confiar....
Tudo na vida é fugaz, tudo passa, seja alegria ou tristeza, somente as lembranças ficam e é muito melhor guardar as melhores e memoráveis, pois são essas que nos alimentam os sonhos, são elas que nos fazem ir á ponta do arco-íris procurar o pote de ouro, que é a perfeição de sermos apenas nós mesmos...
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