Sou...

Sabes que mesmo sem nada saber ao certo, sou líquida na corrente em que me tenho liquefeito, absolutamente brilhante no pouco que brilho, tangencialmente interessante no que me permaneço.

De mim resta-te e sobra-te o mistério das coisas que sendo unas, são passíveis de se desdobrar... Sou antitética na natureza em que me integro, sou paradoxal no enigma que persistes em decifrar...

Sou álcool, sou luz, sou chama, sou brasa e ave e água e azul e bruma. Sou alguém que te deixa incandescente, sou uma maré que não vaza e que contudo, te afasta da mágoa. Sou policromática, sou a meta, o princípio e o fim de tudo quanto desejo para mim....sou vitral ensombrado pela neblina envolvente da incompletude. Sou eu própria, um reflexo e ainda mais que Eu-Outra, sou isto e aquilo, infinitamente muito mais e jamais me bastarei, jamais completarei o círculo, sem nunca, jamais, renunciar à infinitude.

Sou, Maria Martins