
Recalco-me neste "Não saber sobre que escrever”!...
Não sei porque me sinto vazio... seco!...
E não tenho maneira de lubrificar as minhas ideias...
Penso nas lágrimas que já derramei, nos sorrisos que já dei, nos abraços que recebi, nos carinhos que distribuí, penso na dor e na alegria, como ambas se unissem numa conspiração para me desorientar...
Penso nos amores que sonhei, os possíveis e os impossíveis...
Penso no beijo roubado, no beijo consentido, no beijo apaixonado, no beijo perdido, no beijo que nunca dei... na boca que nunca beijei...
Penso no amor que deu frutos e nos Frutos abençoados... penso nas festinhas de aniversário, nos baptizados e nos casamentos, nas separações...
Penso na vida,
Penso na morte... e para lá da morte,
Penso no aconchego de um colo da minha mãe...
Penso nos amigos, nas amizades novas, nas antigas, alguns que chegam outros que partiram, mas sempre amigos...
Penso no barulho que ouço lá fora, os barulhos de um novo dia...
Penso no amanhecer, numa nuvem que se dissipa, num pingo de chuva que se vai desfazer na cara de uma pessoa qualquer, no vento que passa e nos leva, no vento que nos trás,
Penso no sol ofuscante que nos faz desviar a vista...
Penso no calor desse sol a dourar a pele de um corpo estendido preguiçosamente sobre a areia branca...
Penso nas ondas do mar que se quebram contra os rochedos numa luta sem vencedor!...
Penso naquela pérola que se tranca dentro da sua concha e se prepara para sair só depois de linda e perfeita...
Penso na música,
Penso na poesia, na beleza de uma pintura... e na pintura,
Penso naquela unha encravada que alterou meus passos, naquele dedo cortado, naquela queda de bicicleta...
Aquela noite de pensamentos maduro,
Numa volta completa...
Na frase daquele amigo/a querido/a que me sabe virar do avesso, penso nos poderes mágicos da amizade...
Penso na cozinha, naquele leitão à Bairrada de Natal juntamente com a familia...
Penso na fruta madura que colhi e saboreei...
Penso na árvore que, generosamente, me dá seu fruto e sua sombra..
Penso na sombra...
E penso... Penso...
E pensando, as imagens vão desfilando na minha mente e percebo que já encharquei as minhas ideias...
Talvez porque não tenha pensado nessas coisinhas insignificantes...
Saber que são nessas coisinhas aparentemente insignificantes que muitas vezes compreendemos o valor de nossa insignificância perante o universo...
E compreendemos de igual modo toda a nossa enorme importância no mundo que vivemos, na vida que temos,
O quanto somos importantes para as pessoas que nos rodeiam,
Penso no dia que chega ao fim repleto de imprescindíveis coisinhas insignificantes!..
Penso, afinal, em escrever sobre “não saberes que importam”!...
Sem comentários:
Enviar um comentário