Ninguém é de ninguém...


Quem é capaz de levantar esta bandeira?
Há quem se aposse do outro a quem diz amar do mesmo modo como se sente dono da camisa ou da bolsa que acabou de comprar. Para alguns, o namoro ou o casamento, a conquista de um amo ou a compra de um objecto resultam no mesmo direito de posse.
Nos casos mais graves, o desejo basta para considerar que o objecto já está ganho. Porém, nem sempre o objecto de tão caloroso desejo sequer sabe que é mirado. E nem sempre corresponde, nem sempre imagina o peso das amarras que se lançaram sobre ele. E, se souber, pode querer fugir.
O/a ciumento/a reclama a posse de alguém como quem exige direitos de consumidor. Quem tem ciúmes sente que seus "direitos”, mesmo que sejam só fantasia, são prejudicados. "Paguei, quero o que me pertence ou o meu dinheiro de volta”.
Mas ao tratar-se de amor, ou de qualquer laço afectivo, sabemos que todo investimento é a fundo perdido.
O ciumento é um avarento que não suporta esse logro que a vida prega em qualquer um que sinta amor, dia após dia. Garantia é algo que está fora do mercado das trocas amorosas. E é muito difícil julgar se há algum ladrão do amor alheio. O ciumento é o único que tem certeza de que foi roubado. Ninguém pode dizer quem ou o que é o culpado de um amor que se esvai. O próprio ciúme é, muitas vezes, a causa do fim infeliz de muitas relações.

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