Balanços...

O relógio não pára, o tempo não espera e mais cedo ou mais tarde aparece um á um dia em que paramos para fazer um balanço.
Com muita frequência, adiamos esse momento o mais possível, mas ele chega, é inevitável. Nessa altura, somos sempre tentados a enganar a realidade, a nossa própria realidade, e o balanço que fazemos está cheio de parcialidades, não somos justos connosco próprios, tal como é raro sê-lo com os outros.
Encontramos formas de apaziguar as nossas culpas, encontramos argumentos para justificar as nossas falhas, os erros e hesitações que cometemos. Vivemos pouco, por isto ou por aquilo; arriscamos o mínimo, porque é preciso pensar naquilo; desistimos muito, porque havia impossibilidade para não o fazermos. Há desculpas que criamos para podermos achar que fomos felizes dentro do possível. Na verdade, não o fomos mais por inércia, por ausência de uma vontade interior tão forte que nos obrigue a ir em frente. O balanço que fazemos tem manipulação de números em nosso favor, pois só assim aguentamos viver; os argumentos tornam-se muletas.
Quantos de nós chegaremos a esse momento e concluiremos: falhei em toda a linha? Quantos serão os que saberão que fracassaram mas, mesmo admitindo-o, não prosseguem com um imediato "mas também fiz muitas coisas boas...". Quantos de nós ficarão mais descansados pelo facto de terem feito apenas "algumas coisas boas"?
O medo de fazermos planos a médio e longo prazo, preferindo a ideia de viver o dia-a-dia não é mais do que a admissão de que a possibilidade de falhar nos planos existia e, como tal, será preferível não os fazer pois, não os fazendo, não falharemos e não os fazer é, assim, uma fuga ao falhanço.
No fim, chega-se a um resultado preliminar do balanço: Saldo positivo, apesar de adeversidades que seriam de eviatar e de ter que lutar mais pelas coisas certas da vida.

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